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sexta-feira, 12 de maio de 2017

ATIVIDADE DE GEOGRAFIA SEGUNDO BIMESTRE


TODAS AS SÉRIES

ATIVIDADE DE GEOGRAFIA SEGUNDO BIMESTRE

SEMANA DE 09 A 12 DE MAIO

TRABALHOS ENTREGUES SEM FOLHA ALMAÇO CONCORREM COM APENAS 2.0 PONTOS NA MÉDIA

TRABALHOS ENTREGUES ATRASADOS CONCORREM APENAS A 1,0 PONTO NA MÉDIA

EXERCÍCIO SOBRE AS SIT. 05, 06, 07 E 08 -VALOR 3,0 PONTOS NA MÉDIA – COM OU SEM DUPLA, UTILIZANDO O TEXTO DE APOIO E O CADERNO DO ALUNO, 

EM FOLHA FOLHA ALMAÇO - IDENTIFICADA COM NOME COMPLETO, SÉRIE, TURMA E DATA, DEVEM CRIAR E RESPONDER, 8 (OITO) QUESTÕES OBJETIVAS, (DE X) COM 5 (CINCO) ALTERNATIVAS a), b), c), d) e e) SENDO DUAS QUESTÕES PARA CADA SITUAÇÃO.

DURAÇÃO DA ATIVIDADE - DUAS AULAS (EVITE FALTAR)
USAR FOLHA ALMAÇO, CANETA AZUL OU PRETA - PARA ENTREGAR A ATIVIDADE

NÃO USE QUESTÕES DO CADERNO DO ALUNO

                                                                             
                                                                                                                BOM TRABALHO

1as SÉRIES - TEXTO DE APOIO 2º BIMESTRE DAS SITUAÇOES DE APRENDIZAGEM 05, 06, 07 E 08 DO CADERNO DO ALUNO GEOGRAFIA

1a. série  2o. bimestre

5 - A mudança das distâncias geográficas e os processos migratórios
Em Geografia, pode-se afirmar que a globalização diz respeito à construção de novos espaços e novas relações sociais desenvolvidas no mundo. Trata-se de uma nova configuração geográfica que se superpõe aos territórios nacionais, por vezes conflituosamente, outras em harmonia. Isso pode significar mudanças importantes nos próprios Estados nacionais com a presença, em seus territórios, de pontos de rede de corporações transnacionais e de redes técnicas, propiciando um aumento extraordinário da circulação de capital, de bens industrializados, de serviços e informações produzidos na escala mundial.
Essa agilidade da circulação se dá porque os espaços globais são suportes ativos dos processos socioeconômicos que ocorrem na escala mundial. Esses negócios são alimenta­dos pelo que há de mais avançado em tecnologias de produção e de circulação. Assim, es­ses espaços da globalização se realizam como expressões geográficas da nova ordem mun­dial. Vamos desvendar a lógica desses espaços que, fundamentalmente, se estruturam em forma de redes; conhecer os ritmos de suas relações, cada vez mais aceleradas e; identificar os principais agentes que os alimentam, como as corporações transnacionais.Vamos começar com a formação populacional brasileira, mais especificamente, a contribuição dos processos migratórios estrangeiros. Que grupos vieram e para onde foram no território brasileiro? Quando? Qual a distância que esses imigrantes percorreram e as condições em que viajaram? Quanto tempo as viagens duraram? Vamos trabalhar com um caso expressivo, em razão da grande distância geográfica envolvida: a migração japonesa para o Brasil.O Brasil é o país que tem a maior comunidade japonesa no exterior (exterior porque estão fora do Japão). São 1.500.000 pessoas entre japoneses e seus descendentes. Isso é resultado de uma onda imigratória proporcionada pelo Trata­do de Amizade, Comércio e Navegação Brasil-Japão, assinado em 05/11/1895. De 1908 a1941, migraram para o Brasil 188.986 japone­ses. Esse fluxo foi interrompido pela Segunda Guerra Mundial e retomado nos anos 1950, quando vieram mais 53.555 imigrantes.Eram 55 dias de desgastante viagem de navio, para percorrer 18.550 km. Se um imigrante não gostasse do que encontrou, dificilmente poderia "bater em retirada" e retornar à sua terra natal. Retornar apenas para visitar o Japão, durante muito tempo, não foi algo possível para muitos. Era muito caro percorrer uma distância geográfica tão grande.Hoje, corresponde a 24 horas de vôo de avião. Em termos gerais, para as populações atuais desses dois países, essa mesma distância é ou­tra, tem outro significado em suas vidas.O que aconteceu para mudar radicalmente o sentido desses 18.550 km? Umaaceleração no percorrer da distância geográfica. Uma aceleração dada pelo desenvolvimento e pelo acesso a novos meios tecnológicos que fizeram o espaço geográfico ser outra coisa; uma ace­leração que altera as relações entre essas duas sociedades (Brasil ↔ Japão).A situação se inverteu: agora são 225.000 brasileiros que estão trabalhando no Japão. Estão impossibilitados de voltar se não gos­tarem? Podem visitar os parentes que ficaram no Brasil com regularidade? Esses parentes podem ir até eles? Eles são imigrantes, como os japoneses do início do século XX, que esta­vam trocando definitivamente de vida?A visão anterior sobre a migração estrangeira era marcada pela visão de atitude definitiva. A quebra da rigidez da migração, hoje, transformou em algo maistemporário, transitório, e isso se deu em função da no­vas condições de mobilidade do ser humano, um produto da aceleração dos fluxos.Observe o mapa “As migrações, final do século XX” na página 5 do caderno do aluno. Vamos aproveitar o mapa para exercitar a linguagem cartográfica, chamando a atenção para algumas características dele:a) a projeção cartográfica: os mapas são planos e a superfície terrestre é curva. Não há meios de se colocar no pla­no as dimensões - formas, extensão e distância – da superfície terrestre (por exemplo, dos blocos continentais). Por isso, todos os mapas possuem deformações. É importante saber quais são essas deformações. A transposição do espaço curvo para o plano se faz com as chama­das projeçõescartográficas. Por exemplo: nesse mapa, a projeção cartográfica é a de Bertin. Com ela, o autor conseguiu manter a extensão e as formas das terras emersas (fora da água). É uma projeção boa para mostrar que, as relações humanas e seus bens (os fluxos)  estão muito intensas;b) o mapa para ver: onde estão os maiores fluxos de imigrantes, mas isso num bater de olhos? Essa identificação é simples e óbvia. Não haverá necessidade de con­sultar a legenda. A comunicação desse mapa é feita por sua imagem em conjunto: é um mapa para ver. As setas indicam direções e esse símbolo é universal. A largura das se­tas comunica visualmente a maior ou me­nor quantidade do fluxo. Mas, além das setas, o mapa traz outra informação visual. Os países estão coloridos de cinza ou de tons de rosa (mais fracos e mais fortes). Essas tonalidades de cor significam menor ou maior presença de imigrantes na formação da população dos países. Elas criam uma ordem entre os países nesse aspecto. Por exemplo, na atual formação da população brasileira, há menos imigrantes, proporcionalmente, do que na formação populacional dos EUA;c) a representação dinâmica e ordenada: por  intermédio de linhas (setas), esse tipo de representação mostra o movimento dos fluxos no espaço terrestre de imigrantes no final do século XX. Por mostrar esse movimento, ela é chamada de representação dinâmica, adequada para representar fluxos. E por intermédio do tom de cinza e dos tons de rosa cria-se uma ordem entre países que têm mais e que têm menos imigrantes na composição das suas respectivas populações, por isso, essa dimensão do mapa é chamada de representação ordenada;d) a variável visual tamanho e variável visual valor: o mapa repre­senta dois fenômenos:1) o fluxo migra­tório e sua dinâmica espacial. Porém, es­ses fluxos são de diferentes quantidades. Como expressar isso visualmente? Por meio da largura (tamanho) das setas. Essa é a variável visual tamanho, essencial na cartografia para representar a proporcio­nalidade entre as coisas. Por isso, quando se vê um mapa bem feito, essa proporcio­nalidade se imprime imediatamente em nossos olhos;2) a participação na composição da população dos imigrantes segundo classes, fenômeno representado por meio da variável visual valor, onde tonalidades da cor do mais escuro para o mais claro expressam valor da cor. Essa relação é direta para nosso olhar.            Interpretando o mapa, as localidades no planeta que estão recebendo os maiores fluxos migratórios no momento são EUA (bem a frente de todos), Europa Ocidental e Golfo Pérsico. Os principais fluxos, como os do México e da América Central para os EUA, possuem direção sul para norte. Há fluxos também do Sudeste Asiático para os EUA, da África para a Europa e assim por diante. Essa evidência indica fluxos do sul para o norte, que na verdade expressam fluxos dos países pobres para os países ricos. A maior mobilidade dada pelas novas condições espaciais gera outros fluxos inusitados, alguns temporários, como da Índia para Dubai (grande cidade na entrada do Golfo Pérsico). Algumas das áreas que atualmente recebem os maiores de imigrantes, como a América do Norte e a Europa, já têm uma participação expressiva de imigrantes no conjunto de sua população. Algumas outras, como a Austrália, que também estão nessa condição, já não recebem mais fluxos vigorosos de imigrantes. Embora tenhamos ouvido a história de que o Brasil é um país formado por imigrantes, considerando a segunda metade do século XX, deixamos de estar envolvidos de modo importante no conjunto das correntes migratórias internacionais. Isso se revela pela baixa participação dos imigrantes no conjunto da população e pelo volume atual dos fluxos que envolvem nosso território.              Veja os grandes sistemas (movimentos) migratórios contemporâneos, quedevem-se à pobreza, a fenô­menos de proximidade geográfica e a liga­ções históricas:- Os sistemas sul para o norte, que drenam a maioria dos imigrantes (normalmente em busca de melhores condições econômicas);- Refugiados do Norte da África para a França, em função das ações do Magreb (grupo ligado à rede terrorista islâmica liderada pelo saudita Osama bin Laden, na região de Cabília - cidade 70 km a leste de Argel, a capital da Argélia, na África);- Antigo império das Índias para a Inglaterra;- Turquia para Alemanha.- Europa do Leste envia imigrantes, mas também os recebe;- Índia - Paquistão para países petroleiros do Oriente Médio;- América do Sul e Central para os EUA.O mapa de fluxos migratórios nos dá uma visão atual do volume e das direções das correntes migratórias internacionais, assim como a participação dos imigrantes na composição geral das populações dos países. Mas não é possível, por meio dele, concluir sobre a aceleração dos fluxos em relação aos movimentos migra­tórios ao longo do século XX. 
Observe o gráfico “Evolução dos efeitos de migrantes, 1910-2000” na página 8 do caderno do aluno.  Ele nos mostra apenas uma evolução, no tempo, dos países recebendo imigrantes, mas não nos dá os fluxos, a dinâmica espacial direta e integralmente. O gráfico mostra que houve expressivo aumento do fluxo migratório dos anos 1960 para nossos dias em certas regiões do mundo: EUA, Europa Ocidental, etc. Essas representações visuais de qualidade formam imagens sobre os fluxos migratórios em escala planetária entre os Estados modernos: as direções geográficas desses fluxos; a mudança dessas direções; o volume quantitativo desses movimentos; e alteração contemporânea desses volumes, implicando numa aceleração dos fluxos e em formas mais acessíveis de administração das distâncias geográficas.
Problematizacão dos fluxos migratórios internacionais: aceleração e fechamento de fronteirasÉ muito comum atualmente falar de ace­leração da história. Os eventos humanos se precipitam mais velozmente e as transforma­ções históricas são mais rápidas. Desde que o ser humano se sedentarizou no neolítico, ele nunca se moveu tanto como agora. E esse aumento de mobilidade geográfica está asso­ciado à aceleração da história. O aumento da mobilidade geográfica de bens, de mercado­rias e pessoas é a globalização das relações humanas, cujo potencial transformador já demonstrou seu poder, embora muito ainda esteja por acontecer.Nesse novo cenário, um famoso historia­dor costuma afirmar: o documento mais im­portante nesse mundo globalizado não é a carteira de identidade e sim o passaporte.E isso nos dirige para a reflexão sobre os fluxos migratórios internacionais contemporâneos. Veja as características das migrações internacionais contemporâneas na página 10 do caderno do aluno.Duas condições para que as imigrações se acelerem:1. é mais fácil viajar, pois os meios são mais efi­cientes e os custos mais baratos e;2. pode-se fazer experiências temporárias.Porém, há restrições político-sociais ao processo mi­gratório. Por isso, o que menos circula no "mundo globalizado" são as pessoas. Mes­mo assim, as migrações cresceram bastante em comparação com o passado:a) No início do século XXI, o fechamento das fronteiras fez aumentar o número de clandestinos, o que é difícil de estimar. Por exemplo: seriam uns sete milhões nos EUA;b) Para os países de origem, as consequên­cias são por vezes negativas, como por exemplo, no caso da fuga de cérebros (pessoas com grande potencial – por exemplo, sua inteligência – e que acabam usando isso em outro lugar, não no seu país de origem);c) As consequências são positivas para gru­pos que permanecem, em razão da remes­sa de recursos: em 2005 foram 225 bilhões de dólares, o que representa mais que a ajuda oficial direta para o desenvolvimen­to de alguns países. Por vezes, um imigrante sustenta, em média, dez pessoas.






6.  A globalização e as redes geográficas


Quando se fala em globalização, é possí­vel entender várias coisas, mas há uma que todos entendem: existe uma presença muito maior do mundo em cada localidade. Isso se expressa pela enorme presença de produtos de diversas partes do mundo e também pelo número elevado de informações sobre o mundo. Parte expressiva do que ocorre, do que se faz, do que se pensa em outras localidades pertence agora a nossa realidade.Há uma nova organização do espaço geográfico que permite que o mundo esteja aqui e que estejamos no mundo e que a ele pertençamos. Essa nova organização permite que os fluxos se acelerem. E essa nova ordem geográfica é uma ordem de redes geográficas. Palavras-chave na Geografia, como espaço e território,hoje, devem ser acompanhadas por mais uma da mesma importância, a rede geográfica, que é a forma principal dos espa­ços da globalização.Os territórios nacionais possuem frontei­ras, distâncias geográficas, culturais, políticas e econômicas diversas, mas o contato entre suas populações é cada vez mais intenso e isso se dá por meio de um "concorrente" do território: a rede geográfica. A rede geográfica tem o poder de ultrapassar as fronteiras nacionais. Existiria exemplo mais acabado dessa nova realidade do que a rede técnica mundial da in­ternet?Veja os mapas “Internautas, 1991-2006” e “Mundo: posse de computadores pessoais no mundo, 2002”, nas páginas 13 e 14, respectivamente. São mapas quantitativos que fazem uso da variável visual tamanho, mapas para ver, pois devido à força expressiva da imagem, qualquer pessoa que os veja, vai perceber que o fenômeno representado é mais relevante nos EUA mesmo sem sa­ber de que fenômeno se trata. “Internautas” é um mapa ordenado que faz uso da variável visual valor (tonalidades de uma única cor, no caso o marrom). As tonalidades mais escuras expressam um número maior de internautas (usuário individual) em grupos de 100 habitantes (o valor mais elevado é de 87,7 por 100) e as mais claras, o contrário. O mapa é acompanhado por um gráfico evolutivo e quantitativo que, por sua vez, faz uso da variável visual tamanho e mostra o crescimento do número de internautas no período de 1991-2006, indicando também o número de vezes que o volume de internautas foi multiplicado. O mapa “Mundo” tem uma força comunicativa poderosa e ao mesmo tempo revela de forma aguda certos fenômenos geográficos.Ao examinar essa representação, é interessante ter ao lado um mapa mundi convencional. Para definir o tamanho dos continentes, utilizou-se uma métrica numérica, uma medida que não é a convencional com base em km2. Não foi uma métrica territorial. Essa anamorfose sobre a posse de computadores pes­soais poderia não comunicar grande coisa se não tivéssemos todos, uma familiaridade muito grande com as formas convencionais do mapa mundi. Mas como a temos, logo percebemos a força comunicativa das defor­mações.A linguagem das representações cartográficas foi uma preparação para a exploração cognitiva delas em conjunto. Afinal, elas, cada qual à sua maneira vão dar uma idéia dessa inovação revolucionária na vida humana e na estruturação dos espaços geográficos graças à rede técnica mundial da internet.
Redes geográficas: o espaço de ação das corporações transnacionaisVamos esclarecer um dos enigmas da globalização e do mundo contemporâneo: a diferença entre termos que parecem ter o mesmo significado. Entre empresa e corporação a diferença é: uma corporação é um grupo que reúne várias empresas de diversos ramos e que concentra muito capital e interesses sob um único controle. Há cor­porações que têm empresas que atuam no ramo do petróleo, no industrial, no agronegócio, no sistema financeiro e na produção de filmes para cinema e televisão, por exemplo. Isso só explica que, quan­do os lucros crescem, os grupos econômicos vão diversificando seus negócios e suas localizações, a fim de garantir maiores lucros. A empresa é individual, só atua em um ramo.Mas o que significa essa diferença entre uma multinacional e umatransnacional? Observe o esquema simples da página 18 no caderno do aluno. Observem especialmente a presença e o papel das corporações trans­nacionais no esquema. Que espaços, de fato, são aqueles em que as corporações baseiam suas atividades? Serão os espaços nacionais (territórios nacionais) convencionais? As corporações econômicas mais poderosas transcendem os espaços nacionais e criam um espaço global com base numa malha de redes técnicas e geográficas.Um autor importante pode ser citado nes­se momento. Trata-se do geógrafo brasileiro Milton Santos:
 "O interesse das grandes empresas é economizar tempo, aumentando a velocidade da circulação [...] Corporatização do território é a destinação prioritária de recursos para atender as necessida­des geográficas das grandes empresas."
SANTOS. Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo - razão e emoção. São Paulo: Edusp, 2008. p. 270.
Os fluxos de mercadorias, de serviços, de informações circulando rapidamente pe­las redes técnicas (transportes e teleco­municações) no mundo todo permitem o acesso a vastos mercados (e muito mais). As corporações que têm acesso, controle e investimento nessas redes técnicas obtém desse fato uma grande dose de poder econômico.            O prefixo multi significa muitos. Assim, multinacional é uma empresa que opera em vários países, constituída por grandes aglomerados industriais e financeiros. E transnacional? Transcender significa ultrapassar, ser superior. Assim, transnacional é uma empresa que ultrapassa os limites do país em que tem sua sede: está sediada num país e opera a produção ou parte dela em outros. Os dois conceitos se completam: grandes empresas que estão sediadas nos países desenvolvidos e operam ou controlam a produção nos países subdesenvolvidos. O termo global (globalização) refere-se a um processo em andamento, pois na verda­de há muitas áreas ainda fora desse processo (as regiões em branco, os clarões), que sofrem uma “marginalização” em relação à globalização. Essas áreas "fora do eixo" da globalização foram designados como os deserdados da ordem mundial, áreas onde justamente registram-se eventos trágicos, guerras civis e conflitos regionais, tema estudado anteriormente.            Um exemplo de funcionamento de uma rede geográfica em outro cenário, muito útil para compreender o funcionamento das redes na escala mundial, é a cidade de São Paulo. Essa me­trópole sofre desde os anos 1980 uma profunda reestruturação no seu espaço geográfico: seu território está "invadido" por redes geográficas que se estruturam do seguinte modo:• Pontos: habitações em condomínio fechado ↔ centros administrativos isolados também em formato de condomínio fechado ↔ centros comerciais (shopping centers, hipermercados) fechados e protegidos ↔ outras instalações do tipo (hotéis, resortsurbanos).• Linhas: vias expressas, avenidas, cuja circu­lação é predominantemente automobilística.Os usuários dessas redes geográficas pro­curam concentrar o fundamental de suas vi­das em seu interior: residência, abastecimento, trabalho, estudos, lazer etc. E se possível, rara­mente saem da rede, evitando assim o território pleno da cidade. Pesquisas mostram o número impressionante­mente alto de habitantes da cidade que jamais foram ao seu centro histórico, jamais usaram transporte coletivo e jamais andaram a pé.Há um custo financeiro para viver nessa rede protegida e ele não é baixo, o que resulta numa "seleção social” e diminui as trocas e as relações entre a população da cidade, em vista dessa separação (segregação?) sofisticada, na sua geografia. As trocas, as relações sociais desses usuários e construto­res de redes se dão quase que somente entre eles. E o que isso tem a ver com as redes geográficas de escala mundial, construídas e alimentadas pelas corporações transnacionais?Mais de 50% da circulação de capitais, de bens de produção, de serviços, de tecnologia que as corporações transnacionais põem em movimento ocorrem internamente às suas pró­prias redes. Outro ângulo dessa lógica: 30% das exportações mundiais são trocas no interior das redes das corporações. É uma movimentação econômica que não se irradia para os territó­rios dos países onde elas não instaladas.Essa radiografia geográfica da estruturação transnacional das corporações revela:1. a im­portância das redes geográficas na globalização que se constrói;2. um pouco das estratégias e do poder dessas grandes empresas.Muitos da­dos econômicos podem ser alinhavados para dimensionar mais amplamente a ação das corporações, mas eles poderão ganhar mais signi­ficado se sualógica espacial for considerada.






7.  Os grandes fluxos do comércio mundial e a construção de uma malha global


O comércio é por definição uma forma de relação humana que implica colocar em contato grupos sociais diferentes. Na origem da história humana para um grupo Ainteressava obter de outros grupos aquilo que não se con­seguia produzir, aquilo que somente outros grupos possuíam. Esse gênero de relação exigia estender relações sobre espaços mais amplos, obrigava a abrir caminhos, rotas e construir portos, estimulava a criação de novos meios de transporte e impunha a criação de estruturas para os comerciantes. Como se vê, o comércio é uma atividade humana produtora de novos es­paços humanos e uma atividade que ensinou o ser humano a lidar com a distância geográfica.No mundo contemporâneo tudo isso in­tensificou extraordinariamente. Com os no­vos meios disponíveis, as atividades comer­ciais aumentaram o poder de uma das forças propulsoras da "fabricação" de novos espa­ços e do aperfeiçoamento dos meios de supe­ração da distância entre as realidades geográ­ficas.Vamos pensar nas marcas de produtos comerciais que frequentam nosso dia-a-dia. Qual a origem nacional da marca? Numa série de produtos (roupas, calçados e eletrônicos, por exemplo) onde é a localidade da fabrica­ção? São duas coisas diferentes: um produto pode ter uma marca de origem americana e ser produzido na China. Uma marca pode ser francesa e seu produto pode ser, ao menos em parte, produzido no Brasil.Isso revela a complexidade das relações atuais, num mundo globaliza­do, embora uma relação comercial, ao pé da letra, resuma-se à saída do local de pro­dução (ou ponto de venda) até o ponto do consumo.Os fluxos de produtos que chegam até nós vêm do mundo, de um sistema produtivo e comercial que se organiza na escala mundial, não somente dos nossos vizinhos, do mundo ocidental ou do extremo oriente.
O comércio como acelerador dos fluxos; aceleração dos fluxos intensificando o comércioO mundo contemporâneo é complexo. Isso não quer dizer complicado, como é comum se pensar. Complexo significa que cada realidade isolada é sempre produto do conjunto da realidade total, ou das diversas realidades em relação. Durante os últimos 50 anos as exportações mundiais aumentaram em volume, nove vezes mais rápido que a produção mundial. Produz-se mais, mas se comercializa entre países muito mais ainda. Quer dizer que boa parte da produção antigamente circulava mais no interior dos pró­prios países onde eram produzidas; hoje a produção circula muito mais numa escala geográfica mais ampla: circula o mundo.O comércio não cresceu por si só, porque tem mais gente com­prando bens. O comércio cresceu porque uma série de eventos e transformações cruzadas nes­se nosso mundo propiciaram essa condição (e que já estudamos): a aceleração dos fluxos, as redes técnicas, a força das transnacionais e suas redes geográficas, a geopolítica, a ordem mundial e a ação das potências, que permitiram nesses últimos 50 anos que os mercados nacionais nada mais fossem que "seções" de um único e imenso mercado mundial. Outros exemplos de eventos que propiciaram o crescimento do comércio: desenvolvimentos tecnológicos, a multiplicação dos meios de compra e informação sobre os produtos, o afrouxamento das fronteiras dos Estados nacionais territoriais etc.A imagem dos fluxos comerciais no mundo contemporâneo é forte. Nunca o planeta pareceu tão pequeno, tal a dimensão dos fluxos e as distâncias que eles percorrem. Longos trajetos, outrora feitos apenas por aventureiros, atualmente são as principais rotas comerciais do mundo. Rotas oceânicas percorridas por navios que ancoram em portos, abarrotados e congestionados de mercadorias, e rotas aéreas que chegam em pontos antes inalcançáveis resultam da busca desenfreada por novos mercados, por novos consumidores.O comércio, obviamente, não ocorre somente na escala mundial, isto é, na relação entre continentes e países diferentes. Os fluxos ocorrem internamente dentro de uma região, numa escala inferior: produção no país/continente e consumo no país/continente.O grande desafio da cartografia contemporânea não é localizar com precisão fenômenos geográficos, pois isso já está pronto e atualizado pelas imagens de satélite; o grande desafio está em conseguir expressar visualmente as relações espaciais que se desenvolvem num mundo cada vez mais complexo, ou seja, a utilização da linguagem. Para se produzir um mapa, antes de tudo, é preciso ter acesso às informações, à base de dados que será objeto da representação. Na cartografia temática contemporânea, há uma tendência em se preferir as projeções do tipo da de Buckminster Fuller ou a de Bertin para a representação de fluxos comerciais (lembre-se do mapa do tema 5, dos fluxos migratórios). Elas aproximam os blocos continentais, eliminam as imensas distâncias oceânicas e dão uma idéia mais expressiva e real do que são os fluxos no mundo contemporâneo. Projeções como a de Peters ou a de Mercator têm uma proeminência muito grande dos oceanos e expressam visualmente distâncias longuíssimas entre o extremo da Ásia e as Américas, por exemplo. A seta é compreendida, universalmente, como símbolo gráfico adequado para representara direção dos fluxos, pois permite expressar quantidade com a manipulação de seu tamanho (largura). Setas largas estarão representando fluxos de maior quantidade; mais estreitas, o contrário. Definir símbolos de comunicação não dá margem a diferentes interpretações. O que se vê tem sempre que ter sempre um único significado. Os blocos continentais no fundo do mapa devem ter uma única cor para todos. Uma cor leve e neutra para não ofuscar as setas. Define-se uma única cor para as setas e elas não podem se sobrepor umas às outras. Se fossemos montar um mapa com o tema “Comércio mundial de mercadorias”, constariam dados do comércio que poderiam ser representados cartograficamente em quadrados ou círculos (quanto maior, significa maior o volume negociado) ou por setas, e os números poderiamos colocar em uma legenda (resultando em uma representação quantitativa, pois apresenta números).Hoje, os fluxos mais importantes no comércio mundial de mercadorias estão entre a Ásia e a América do Norte, entre a Ásia e a Europa Ocidental e entre a América do Norte e a Europa Ocidental. O fluxo da Ásia para a América do Norte é maior, mesmo com a imensa distância oceânica (que foi superada por conta da globalização, que encurtou as distâncias, realidade no mundo contemporâneo). O fluxo gira em torno da América do Norte, Europa e Ásia, mas os maiores fluxos ocorrem entre os países desenvolvidos para os subdesenvolvidos (tanto saída como entrada de mercadorias). Já os menores fluxos estão entre os próprios países subdesenvolvidos (tanto saída como entrada de mercadorias).
Ásia aumentou significamente suas exportações, principalmente para os EUA  e Europa e se consolidou como um grande pólo exportador. Muitas transnacionais, que normalmente tem sede nos EUA e Europa, começaram a produzir nos países deste continente (China, por exemplo), para baratear a produção. E a mão-de-obra é farta e barata, aumentando a produção em grande escala e negociação de seus produtos por preços mais baixos. Os EUA são o maior comprador nesse tipo de relação e isso é uma participação fundamental, pois esse país é um grande mercado. Seu papel, como exportador, é um pouco menor, o que contraria uma visão de país forte (aquele que mais vende e que menos compra). Mas essa visão não corresponde ao modo como a economia global se organiza atualmente. Nesse modelo, importação e exportação não têm o mesmo peso de épocas anteriores. Por isso, os EUA não perderam sua importância no comércio internacional. O peso do comércio em escala regional (no mesmo continente, país ou região) ainda é grande, mas o comércio entre os continentes, ou seja, escala global (inter-região) está crescendo cada vez mais.





8.  Regulamentar os fluxos econômicos na escala mundial: é possível encontrar um bem comum?



A mobilidade humana ampliou-se, não há dúvidas. Na escala mundial as relações da globalização articulam uma malha de redes geográficas, alimentadas por redes técnicas, que se constituem numa nova configuração geográfica, acelerando impressionantemente os fluxos de bens econômicos e de pessoas. É certo que os bens econômicos (mercadorias, capitais, serviços, informações) circulam com muito mais desenvoltura nessa dimensão glo­bal do que os seres humanos. Mas também há constrangimentos na circulação dos fluxos econômicos. Aliás, mais que constrangimentos: há conflitos.
Vale relembrar uma razão: a ordem mun­dial existente se estrutura no interior da relação entre os países. No entanto, essas relações são desiguais:
1. alguns países são potências que atuam agressivamente;
2. agora há tam­bém corporações privadas bem mais pode­rosas que muitos países;
3. de modo geral, os fortes e os fracos nessa ordem só têm uma referência ao relacionar-se, que são seus pró­prios interesses. E sem dúvida isso vai signi­ficar problemas para a livre circulação dos bens econômicos; aliás, essa livre circulação dos bens econômicos vai significar proble­mas para cada país.
A regulamentação dos fluxos econômicos mundiais é objeto de muitos debates, pois há muitas críticas sobre a globalização que libe­raria forças que, em tese, causariam prejuízos às economias nacionais. Os Estados nacionais territoriais - inclusive os países mais ricos, quando percebem seus interesses nacionais contrariados, clamam por regras. É no inte­rior desse quadro que se vêm estruturando organizações internacionais que procuram regulamentar os fluxos econômicos.
Do GATT à OMC: um percurso espinhoso que se dirige ao desconhecidoEm 1948, período de esgotamento da Segun­da Guerra Mundial, o cenário mundial (não era bem a escala mundial, mas sim Europa ocidental e EUA) favorece a busca da eliminação de qual­quer tipo de conflito. Afinal, a tragédia estava vertendo sangue naquele momento e os custos para remover as ruínas e erguer um novo siste­ma econômico se anunciavam astronômicos.
Para se dinamizarem, as economias depen­diam de relações econômicas para além da escala nacional. Dependiam da remoção dos protecionismos, uma chave importante para a interpretação dos conflitos e das proposições para resolver a questão dos fluxos econômicos internacionais.
Leia atentamente o texto informativo sobre os organismos econômicos internacionais na página 34 do caderno do aluno. Nele encontra-se um panorama sinté­tico dos caminhos percorridos nos últimos 50 anos para se estabelecer meios e regras na or­dem dos fluxos econômicos mundiais.
Num mun­do de menores desigualdades econômicas - mundo que não existe – os países buscam um bem comum através de acordos, tratados, san­ções, punições e protecionismos. Os países se movem pela lógica geopolítica. As referências e os objetivos a serem alcançados por cada país são os interesses de cada um. Agindo assim, não é mais fácil chegar à guerra do que à har­monia?
Algo espe­cífico, que une as relações econômicas e a Geopolítica, se encontra no texto e deve ser notado para desenvolver-se uma linha de raciocínio: o acordo comercial (GATT) foi concebido para promover a paz e combater o protecionismo, que é o "promotor da guerra". Para o horror dos economistas, a vida real, nesse caso, invade a lógica econômica. O que é o protecionismo comercial? E por que isso causaria guerra? Se proteger pode causar a guerra, nesse caso, a proteção ganha o sentido de agressão. Não é interessante? Vale raciocinar so­bre isso, refletindo sobre o caso atual que o texto destaca no seu final: os EUA e a União Européia praticam o protecionismo em relação à sua agricultura, pois temem a cir­culação mais livre dos produtos agrícolas dos países emergentes e pobres, o contrário da filosofia que estaria na base da fundação da OMC.


2as SÉRIES - TEXTO DE APOIO 2º BIMESTRE DAS SITUAÇOES DE APRENDIZAGEM 05, 06, 07 E 08 DO CADERNO DO ALUNO GEOGRAFIA

2a SÉRIE

TEXTO DE APOIO
 ESPAÇO INDUSTRIAL BRASILEIRO
         
O processo de industrialização brasileiro, que permite compreender a consolidação de um pólo industrial no Sudeste e de periferias industriais nas demais regiões do país. Para melhor entender o desenvolvimento industrial no Brasil e suas fases, adotamos a noção de industrialização retardatária ou tardia.
A expressão industrialização retardatária ou tardia designa o fato de que a industrialização brasileira somente foi iniciada no fim do século XIX, no momento em que o capitalismo passava da fase competitiva para a monopolista. As máquinas e a tecnologia utilizadas não foram produzidas no Brasil, mas importadas dos países que já as desenvolviam havia mais de um século, provindas principalmente da Inglaterra (onde ocorreu a Revolução Industrial). Isso gerou conseqüências ao longo das demais fases de industrialização do Brasil, como por exemplo, a difícil inserção do Brasil na Terceira Revolução Industrial ou Tecnológica, desde as últimas décadas e ainda atualmente.
A Primeira Revolução Industrial no Brasil somente foi completada em 1930, tendo ocorrido com mais de cem anos de atraso em relação aos centros mundiais do capitalismo. Entre outros fatores que contribuíram para que o Brasil se mantivesse em um quadro de fraco desempenho industrial, até o início do século XIX, foram as relações escravistas de trabalho, o pequeno mercado interno, o Estado alheio à industrialização, as forças produtivas pouco desenvolvidas, o passado colonial do Brasil, conforme o tema estudado anteriormente “Gênese geoeconômica do território brasileiro”. Entre 1880 e 1930, foram implantados os principais setores da indústria de bens de consumo não duráveis ou indústria leve. Em função de se manter numa situação de dependência em relação aos países mais industrializados, o Brasil não dispunha de indústrias de bens de capital ou de produção, algo essencial para o desenvolvimento econômico de uma nação ou país.
Antes de prosseguir, vamos esclarecer os tipos de indústrias:
- Indústria de bens de consumo ou leve:
a) Indústria de bens de consumo não duráveis: roupas, cosméticos, alimentos;
b) Indústria de bens de consumo duráveis: automóveis, eletrodomésticos e móveis.
- Indústria de bens intermediários ou de bens de capital: desenvolvimento de máquinas e equipamentos para outras indústrias (autopeças, mecânica naval).
- Indústria de bens de produção, de base ou pesada: transforma matéria-prima bruta em produtos a serem utilizados por outras indústrias (extração de minérios, refinaria de combustíveis fósseis, siderúrgica que processa minérios, química).
A inserção do Brasil na Segunda Revolução Industrial também se deu com cerca de cem anos de atraso em relação aos centros mundiais do capitalismo, podendo ser dividida em dois períodos:
- de 1930 a 1955, que corresponde à política nacional desenvolvimentista do governo Getúlio Vargas, responsável pelo início da implantação da indústria de base no Brasil e;
- de 1956 a 1980, que, inicialmente alicerçado no plano de metas que propunha “crescer 50 anos em 5”, marco da política desenvolvimentista de Juscelino Kubitschek de Oliveira, corresponde ao período de incremento e consolidação da indústria de base, com fortes investimentos estatais nos setores de energia e transportes, com vistas a fortalecer as condições estruturais para o ingresso do capital internacional no Brasil.
No primeiro período (1930-1955), destacamos a política nacionalista da Era Vargas (1930-1945) e de seu segundo governo (1952-1955), que se caracterizou pelo desenvolvimento autônomo com base industrial. Um exemplo foi a construção da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em Volta Redonda (RJ), cujo decreto-lei, que determinou sua criação, foi assinado em 30 de janeiro de 1941.
A CSN foi um marco importante para a industrialização do Brasil, um impulso, em virtude da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), pois o aço é matéria-prima fundamental para diversos setores industriais. Resultado de um projeto autônomo de desenvolvimento industrial na década de 1940, a CSN foi privatizada em 1993, deixando de ser uma empresa estatal (do Estado).
O segundo período (1956-1980) pode ser subdividido em três:
a) de 1956 a 1961, que corresponde ao mandato de Juscelino Kubitschek, no qual ocorreu o incremento da indústria de bens de consumo duráveis (principalmente automóveis e eletrodomésticos) e de setores básicos (energia elétrica e siderurgia). As diretrizes gerais quanto à industrialização dos governos Vargas e Kubitschek basearam-se no processo de substituição de importações. Contudo, no segundo caso (Era Kubitschek), foi adotado um modelo de desenvolvimento associado ao capital estrangeiro. A política industrial do período JK ratificou (confirmou) a concentração industrial brasileira no Sudeste.
O modelo industrial característico deste período atrelava-se diretamente à necessidade de manter a produção de bens duráveis nas proximidades dos pólos geradores de matéria-prima, ou seja, da produção siderúrgica e da disponibilidade de recursos energéticos. Além disso, nesta região também se concentrava a maior parte do mercado consumidor. Esta industrialização foi parte do Plano de Metas, com o lema: “crescer 50 anos em 5”.
- de 1962 a 1964, corresponde a um período de instabilidade e tensão política (Ditadura). Por este motivo, foi acompanhado pela estagnação e declínio da economia e da indústria no Brasil;
- de 1964 até meados de 1980, implantou-se a modernização conservadora (projetos de crescimento econômico, principalmente durante os governos militares, sem a inclusão de avanços na área social), aconteceu o “milagre econômico brasileiro” (para designar o fato de que, no contexto dos governos militares e do projeto “Brasil-Potência”, entre 1967 e 1974, o País cresceu mais de 10% ao ano em média à custa de um endividamento crescente no exterior), e a “década perdida” (1980), na qual o país esteve submetido a fortes constrangimentos econômicos, financeiros e, sobretudo, sociais.
Referente à distribuição espacial da atividade industrial no Brasil, a concentração industrial aconteceu na região Sudeste, particularmente no Estado de São Paulo, desde meados do século XIX até a década de 1970. O desenvolvimento urbano intenso, concentrado principalmente na região que forma hoje a Grande São Paulo, foi resultado do processo de industrialização que ocorreu na região, resultado de uma economia de escala capitalista, típica do período fordista: a concentração diminuía os custos de produção, pois a proximidade física reduzia os gastos com o transporte de matéria e mão-de-obra, além de maximizar o uso da infraestrutura instalada. O fordismo organizava a linha de montagem de cada fábrica para produzir mais, controlando melhor as fontes de matérias-primas e de energia, os transportes, a formação da mão-de-obra.
Há diferença entre descentralização e desconcentração industrial: a primeira pode ser entendida como a mudança física (parcial ou total) de uma unidade industrial ou da produção industrial de uma área territorial para outra, como, por exemplo, do Estado de São Paulo para outros Estados brasileiros ou da Região Metropolitana de São Paulo para o interior paulista; já a expressão desconcentração industrial costuma ser empregada para designar alterações na distribuição espacial absoluta ou relativa de variáveis como número de estabelecimentos, pessoal ocupado, valor da produção e valor da transformação industrial. Assim, desde a década de 1910 verificou-se uma alteração no processo de desenvolvimento do Estado de São Paulo, com a diminuição da concentração industrial e populacional, que vinha ocorrendo desde o começo do século na Região Metropolitana de São Paulo. Para fundamentar essa explicação, tal processo resultou de três fatores:
a) o II Plano Nacional de Desenvolvimento (PND, 1975-1979), que instituiu uma política econômica bastante clara de descentralização industrial de São Paulo para o resto do País, enfatizando vantagens comparativas e especializações regionais. Como exemplos, podemos citar a exploração de minérios em Carajás (PA), Trombetas (PA), Caraíba (BA), Patos (MG), as siderúrgicas de ltaqui (MA), Tubarão (ES) e Açominas (MG), as petroquímicas de Camaçari (BA) e Paulínea (SP), a fábrica de automóveis da Fiat em Betim (MG), os incentivos à CSN e Vale do Rio Doce (RJ);
b) a deseconomia de escala, isto é, a perda das vantagens comparativas da produção em função dos altos custos produtivos, resultado de uma organização sindical forte, salários elevados, valores de terrenos e impostos elevados. Assim, a guerra fiscal, ou mesmo a isenção de impostos, estimula a deseconomia, ou seja, várias cidades oferecem vantagens para a indústria — menor imposto, grandes terrenos, infraestrutura, mão-de-obra barata, por exemplo — e a que oferecer melhores benefícios, acaba atraindo a indústria. E a cidade acaba ganhando chances de alavancar seu desenvolvimento;
c) a expansão da infraestrutura no Estado facilitou a dispersão das atividades produtivas para regiões próximas à metrópole do Estado de São Paulo.

3as SÉRIES - TEXTO DE APOIO 2º BIMESTRE DAS SITUAÇOES DE APRENDIZAGEM 05, 06, 07 E 08 DO CADERNO DO ALUNO GEOGRAFIA

3AS SÉRIES
TEXTO DE APOIO

  • 3º ANO - 2º BIMESTRE

  • CHOQUE DE CIVILIZAÇÕES E PRINCIPAIS CONFLITOS NO MUNDO
  • Choque de civilizações
  • Choque de civilizações é uma teoria proposta pelo cientista político Samuel P. Huntington segundo a qual as identidades culturais e religiosas dos povos serão a principal fonte de conflito no mundo pós- Guerra Fria. A teoria foi originalmente formulada em 1993, num artigo da Foreign Affairs chamado “O Choque de Civilizações”.
  • A partir dos anos 1990 muito se falou na possibilidade dos conflitos entre civilizações substituírem os enfrentamentos ideológicos do pós Guerra Fria e os antagonismos socioeconômicos entre o “Norte e o Sul”.  As guerras empreendidas pelos Estados Unidos contra o Afeganistão e o Iraque tem sido vistas como a manifestação de um conflito como entre a civilização ocidental e a islâmica. Os atentados de 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos, e de 11 de março de 2004, na Espanha, reforçam para muitos a teoria do “choque de civilizações”. Entretanto a cruzada antiterrorista norte-americana não é contra o islamismo, e o governo Bush sempre fez questão de deixar isso bem claro. Os Estados Unidos tem entre os seus principais aliados vários países islâmicos, como a Arábia Saudita, o Egito, o Kuwait, o Paquistão e a Indonésia, país com a maior população muçulmana do mundo. Com poucas exceções, o mundo islâmico tem apoiado os Estados Unidos em suas ações contra o terrorismo. A tese do “choque de civilizações” é muito simplista diante da complexidade do mundo e da superposição de causas – geopolíticas, culturais, econômicas e sociais – dos embates atuais.

  • GEOGRAFIA DAS RELIGIÕES
  • Principais religiões monoteístas
  • Cristianismo
  • O cristianismo é uma religião que surgiu na Palestina, no primeiro século depois de Cristo e cujo alicerce é baseado nos ensinamentos de Jesus Cristo. No entanto, 2 mil anos depois de seu nascimento, o mundo experimenta varias formas de cristianismo, divididas em diferentes denominações. A maior divisão existe entre ortodoxos – também conhecidos como cristãos do oriente, que, por sua vez, também se subdividem em cristãos católicos e protestantes.
  • Islamismo
  • O Islamismo foi fundado pelo profeta Mohamed (Maomé) há 1400 anos no território que hoje corresponde à Arábia Saudita. Logo atrás do cristianismo, é a segunda maior religião do mundo em numero de fieis.  Conta, atualmente, com cerca de 1,3 bilhão de seguidores e vem apresentando um crescimento expressivo de adeptos (cerca de 15% ao ano), sendo a religião que mais cresce no mundo.
  • Muçulmano é todo aquele que segue o islamismo, que é uma religião monoteísta baseada no Corão ou Alcorão, o livro sagrado do Islã, considerado a palavra de Deus revelada a Maomé, na Suna e no hadith.
  • Islã é um termo árabe que significa “submissão” (ao desejo e a orientação de Deus), e é também utilizado para designar o conjunto dos povos de civilização islâmica que professam o islamismo.
  • Judaísmo
  • O judaísmo é a mais antiga das religiões monoteístas e a que apresenta o menor numero de fieis no mundo. Dos 13 milhões de judeus existentes no mundo, a maiores comunidades se concentram na Europa (a maior delas na França). A maioria dos judeus vive em Israel e nos EUA.
  • O judaísmo não é uma religião missionária e todo aquele que se converte ao judaísmo devem observar a Torá (lei judaica). A bíblia hebraica corresponde ao Velho Testamento da bíblia cristã. O judaísmo caracteriza-se por ser, fundamentalmente, uma religião da família e que se propaga através dela.

  • A QUESTÃO ETNICO-CULTURAL
  • Com o fim da Guerra Fria, o mundo aprendeu a conviver com os mais diferentes tipos de conflitos. A ONU, organização encarregada de zelar pela paz mundial, tem 54 missões de paz espalhadas pelas regiões afetadas por guerra ou em via de pacificação. Assumiu também administração da província de kossovo, os preparativos para a independência do Timor Leste, os acordos para o no governo do Afeganistão e a reconstrução do Iraque após a invasão anglo-americana, ultimas regiões a sofrer violentos combates que resultaram em milhares de mortos.
  • As guerras entre Estados-nações, guerras civis, guerrilhas, territórios ocupados à força e movimentos separatistas no interior de estados-nações acontecem em vários continentes. Disputa de territórios, questões de fronteiras, soberania do Estado nacional, recursos naturais, rivalidades étnicas e até mesmo a água constituem os principais motivos dos conflitos no mundo atual.
  • Fato comum também e a ação de grupos separatistas que chamam a atenção do mundo para os seus problemas através de atos terroristas. Entre as organizações mais antigas e ativas estão os grupos ETA e o IRA, ambas na Europa.
  • As principais áreas de ocorrência de conflitos no mundo são:
  • ·         Oriente Médio: a questão palestina;
  • ·         Europa: IRA;
  • ·         Europa: ETA;
  • ·         Europa: conflitos no Cáucaso (o caso da Chechênia);
  • ·         África: Ruanda;
  • ·         África: Angola;
  • ·         Aia: Caxemira.

  • AMÉRICA LATINA
  • As guerrilhas na America Latina
  • Colômbia. A guerrilha na Colômbia é ligada ao narcotráfico. As principais organizações são: Farc (Forças Armadas Revolucionarias da Colômbia, de esquerda) e ELN (Exercito de libertação nacional, também de esquerda). As guerrilhas controlam 40% do território colombiano e são responsáveis por sequestros que exigem resgate ou liberdade de criminosos. As duas facções chocam-se com a AUC (Autodefesas Unidas da Colômbia), organização paramilitar apoiada pelo exercito colombiano.  O conflito está associado à questão agrária e à hegemonia do sitema bipartidarista como modelo principal do regime político colombiano.
  • México. Nesse país a guerrilha está concentrada no estado mais pobre. A principal organização é o Exercito Zapatista de Libertação Nacional (EZLN). A principal causa do conflito é a questão agrária.