terça-feira, 7 de março de 2017
TEXTO DE APOIO 1 - GEOGRAFIA - 3a SÉRIE - SIT DE APRENDIZAGEM 01
3a SÉRIE - SIT DE APRENDIZAGEM 01
Formas de Regionalização da Terra
Para facilitar o estudo e a análise dos espaços mundiais, tornou-se convencional regionalizar a Terra, diferenciando áreas ou regiões, ora baseadas em critérios naturais ora em critérios humanos.
As principais e mais utilizadas formas de regionalização da Terra são:
1. Divisão Física ou Natural da Terra:
Esta forma de regionalização pode ser feita de duas maneiras: a primeira, tomando por base a disposição dos continentes e oceanos. E a segunda, de acordo com os domínios climáticos ou zonas térmicas.
Continentes e Oceanos
A Terra se apresenta dividida em seis continentes e cinco oceanos:
. Continentes: Ásia, América, África, Antártida, Europa e Oceania;
. Continentes: Ásia, América, África, Antártida, Europa e Oceania;
. Oceanos: Pacífico, Atlântico, Índico, Glacial Ártico e Glacial Antártico.
(Temas relacionados: Eurásia, Mar, Teoria da Deriva Continental e Teoria da Tectônica de Placas).
. Zonas Térmicas: Esta forma de regionalização da Terra se baseia na relação latitude versusradiação solar.
A Terra se apresenta dividida em cinco zonas térmicas:
. Zonas Térmicas: Zona Polar Ártica, Zona Temperada do Norte, Zona Tropical ou Intertropical, Zona Temperada do Sul e Zona Polar Antártica.
(Temas relacionados: Latitude, altitude, fatores secundários na determinação do clima, tempo, aquecimento global, características ambientais etc.)
2. Divisão Histórico-Geográfica da Terra:
Esta forma de regionalização se baseia no processo histórico de formação das sociedades, desde as primeiras civilizações, passando pela expansão marítima com a colonização européia e conquista de novas terras.
A Terra é dividida em quatro blocos, cuja sequência é cronológica:
. Blocos: Velho Mundo (Europa, África e Ásia - as mais antigas civilizações),Novo Mundo (América - final do século XV), Novíssimo Mundo (Oceania - século XVIII) e Antártida (início do século XX).
(Temas relacionados: Antigas Civilizações, Colonização européia, colonização de exploração e de povoamento, Tratado da Antártida, Comunidade Científica, Patrimônio da Humanidade, riqueza mineral etc.).
3. Divisão Sócio-Econômica da Terra:
Esta forma de regionalização da Terra se baseia nos diferentes níveis de desenvolvimento dos países.
A Terra é dividida em dois blocos:
. Blocos: Países do Norte (países ricos) e Países do Sul (países pobres).
(Temas relacionados: Guerra Fria, Capitalismo x Socialismo, Blocos Econômicos, Globalização, Multinacionais, Desemprego conjuntural e estrutural, Exclusão Social, G-7, G-8, Global Trader etc.).
Observações: Esta última forma de regionalizar a Terra em dois blocos baseados em indicadores econômicos é alvo de crítica pelos seguintes motivos:
- A idéia de Norte e Sul nos remete à imagem da linha do equador, quando - na verdade - a linha divisória que separa os países do Norte do países do Sul se configura de forma sinuosa, totalmente em desacordo com a do equador;
- A Austrália e a Nova Zelândia, países do hemisfério Sul são considerados países do Norte. As expressões Sul e Norte são empregadas com sentidos diferentes, a primeira se refere à localização geográfica, enquanto a segunda diz respeito às condições sócio-econômicas;
A regionalização da Terra em dois blocos generaliza todos os países pertencentes a cada categoria, não respeitando os diferentes níveis econômicos existentes entre eles. Por exemplo, a China e o Brasil se encontram no mesmo nível da Etiópia e do Haiti, assim como a Albânia aparece igualada ao nível dos EUA e da Alemanha.
TEXTO DE APOIO - GEOGRAFIA – 2ª SÉRIE – SIT DE APRENDIZAGEM 01
GEOGRAFIA – 2ª SÉRIE – SIT DE APRENDIZAGEM 01
O Brasil, enquanto País e com essa dimensão territorial, nem sempre
existiu, pois suas atuais fronteiras são resultantes da Geopolítica Portuguesa
e das Frentes de Expansão como: A Atividade Pecuária (extensiva) ocorrida a
partir do Nordeste (séc. XVI...), as Drogas do Sertão na Amazônia (séc. XVI...)
e as Bandeiras e Entradas a partir do Sudeste Brasileiro (séc. XVI e XVIII).
Conceitos Básicos:
- Território refere-se a superfície terrestre de um Estado, delimitado por
fronteiras, seja ele soberano ou não. De acordo com as teorias gerais de
Estado, diplomacia, relações internacionais e nacionalidade, o território é uma
das condições para a existência e o reconhecimento de um país (sendo os outros
dois a nação e o Estado).
- Região pode ser qualquer área geográfica que forme uma unidade distinta em
virtude de determinadas características. Em termos gerais, costumam, mas não
necessariamente, ser menores que um país - Estado é uma instituição organizada
política, social e juridicamente ocupando um território definido, normalmente
onde a lei máxima é uma Constituição escrita, e dirigida por um governo, também
possuindo soberania reconhecida internamente e externamente.
- País de uma forma geral, é um território social, política, cultural e
geograficamente delimitado.
- Lugar ou local, de forma geral, é uma porção do espaço qualquer ou um ponto
imaginário numa
coordenada espacial percebida e definida pelo homem através de seus sentidos.
- Nação é o termo que defini um grupo de indivíduos, ou comunidade humana, que
comunga das tradições culturais comuns (onde se inclui a etnia, língua,
religião, mentalidade predominante, educação.
- Estados-nação é tipo de organização política a que aspiram inúmeras
comunidades humanas, para se diferenciarem entre si, alcançarem segurança e
prosperidade e serem afores internacionais soberanos.
Seguindo o raciocínio de Diamantino Pereira pode-se dividir geograficamente a
"montagem" do espaço brasileiro em três momentos:
o espaço dos índios, o espaço colonial e o espaço brasileiro.
A Produção Da Cana-De-Açúcar (Séc. XVI-XVII)
Para montar engenhos, além das terras para o plantio, era necessário contar com
escravos, adquirir bois, cavalos, barcos, ferro e cobre etc. Em suma, o engenho
exigia muitos investimentos, sendo, portanto, uma atividade que não era para
qualquer um.
Os colonos que não podiam arcar com os gastos da preparação do açúcar
tornavam-se fornecedores de cana aos senhores de engenho. Assim, os senhores de
engenho trabalhavam com a cana de suas próprias plantações e com aquela
fornecida por colonos de menores posses.
Parte da fazenda era destinada a criação do gado necessário ao transporte da
cana dos partidos até a casa do engenho, e do açúcar até o porto de embarque.
Os carros de boi foram muito utilizados como meio de transporte, principalmente
quando não havia trechos navegáveis dos rios.
Completando a paisagem geográfica e social, havia a casa grande (moradia dos
senhores), a casa do engenho (conjunto de construções destinadas a fabricação
do açúcar) e a senzala (onde os escravos viviam amontoados).
Muitas fazendas, com seus engenhos, pomares e criação de gado, eram
praticamente auto-suficientes. A exploração do trabalho escravo permitia aos
senhores de engenho contratar homens com algum conhecimento técnico para
tarefas especializadas, como os mestres de açúcar, os purgadores e os
caldeireiros.
O objetivo da. produção açucareira era o mercado externo. Seu funcionamento
envolvia muita gente. Por isso, no interior da agricultura colonial-escravista
tínhamos dois setores:
• setor de exportação;
• o setor de produção de alimentos;
O setor exportador era a atividade principal, ocupava os melhores solos dos
imensos latifúndios, empregava o trabalho escravo e avançava sempre sobre as
terras férteis da floresta (plantation). A margem da atividade principal
aparecia o setor de subsistência. Assim, os escravos cuidavam de sua própria
alimentação diminuindo os gastos dos senhores com importação de gêneros
alimentícios.
A Economia Colônial No Século XvII
A produção de alimentos era subordinada a atividade principal do latifúndio e
variava de acordo com os preços do açúcar no mercado mundial. Quando os preços
do açúcar subiam no mercado, todas as terras e os escravos eram utilizados para
expandir a produção, sobrando pouca terra para a agricultura de subsistência.
A queda dos preços do açúcar implicava a redução das rendas, obrigando os
senhores a reduzirem as despesas com a manutenção dos escravos.
Quanto mais "doce" (de cana-de-açúcar) a paisagem, mais amarga era a
vida dos escravos.
A alta dos preços do açúcar era acompanhada da expansão dos canaviais, que
invadiam não só as áreas da mata, mas também as terras dos lavradores,
restringindo a produção de alimentos.
Quando os preços entravam em declínio, os latifundiários alugavam pedaços de
terra aos lavradores que podiam aumentar o cultivo para abastecimento de suas
famílias, dos próprios latifúndios, das vilas e das cidades próximas.
Como se vê, o poder dos senhores de engenho repousava, no fundo, nas imensas
terras que possuíam. A vida dos demais habitantes ficava à mercê dos interesses
desses grandes latifundiários e dos preços do açúcar no mercado mundial.
Na segunda metade do século XIX, com a diminuição da importação de escravos, a
Zona da Mata nordestina sofreu uma modernização nas suas técnicas com a
introdução das usinas no lugar dos engenhos e da ferrovia no lugar dos carros
de bois.
A organização do espaço geográfico modificou-se, pois aqueles que se
transformavam em usineiros aumentavam seu poder de influência por poderem
transformar mais cana que os antigos engenhos. Estes se transformaram em
fornecedores de cana das usinas, e muitos deles entraram em decadência. No
entanto, a grande usina sofria dos mesmos males dos antigos engenhos: a
oscilação dos preços do açúcar no mercado externo.
Além disso, o poder dos latifundiários da cana já não era o mesmo na segunda
metade do século XIX, pois o café se desenvolvia no Sudeste brasileiro, e o
Brasil se destacava como o mais importante produtor mundial. Sem falar que,
mesmo na região Nordeste, o século XIX verá o prestígio econômico e político
começar a deslocar-se da Zona da Mata para o sertão. Com o, algodão.
A Atividade Pecuarista: O Gado (Séc. XvI-XvII)
Nem só de açúcar vivia o Nordeste. A pecuária, desde o início, esteve vinculada
a lavoura canavieira. Nos engenhos nordestinos o gado era necessário para o
transporte da cana no interior das fazendas e à geração da força motriz nas
moendas de cana. Sem falar do consumo de sua carne e de seu couro.
Os donos de engenho costumavam destinar as áreas mais distantes a criação de
animais, evitando ocupar as terras das plantações. Criados soltos em parcelas
dos imensos latifúndios, os rebanhos se multiplicavam acompanhando às
necessidades da lavoura canavieira. Mas o gado exigia cada vez mais pastos e
começou a disputar terras com a lavoura canavieira. Ora, essa lavoura era a
atividade lucrativa mais importante da colônia no seu início, e a coroa
portuguesa não tardou a agir. Em 1701 a metrópole proibiu a prática da pecuária
no litoral nordestino. Entre a cana-de-açúcar e o gado, a preferência só podia
ser da primeira. Como se vê, decisões políticas acabam definindo o uso e a
organização do espaço geográfico (Geopolítica – Estratégicas).
Assim, o gado teve que pastar em outro lugar, indo ocupar as terras menos
úmidas e menos férteis do agreste e do sertão nordestino.
Interiorização Do Gado A Partir Do Nordeste A Expansão Da Pecuária
O agreste, com seu relevo suavemente ondulado, oferecia amplas extensões
facilmente aproveitáveis como pastos. A vegetação natural, por sua vez, não
exigia outro cuidado, além da queimada dos arbustos de maior porte, fornecendo
diferentes tipos de forragens para o gado. Nas manchas úmidas do agreste, os
chamados brejos, praticava-se uma agricultura de subsistência para o
abastecimento das fazendas. Assim, foi-se formando a paisagem do agreste. O
gado, no entanto, expandiu-se pelo sertão. A escassez de água é um problema
nesta área — daí as fazendas de gado terem-se estabelecido junto aos rios. Não
é a toa que o rio São Francisco era conhecido como rio dos Currais. A caatinga
(vegetação do nordeste) nem sempre garantia a subsistência dos rebanhos. O gado
resistia as difíceis condições do clima e da vegetação, tendo de ocupar grandes
extensões de terras para conseguir a alimentação necessária. O gado pastava
solto — as cercas eram raras — e vivia sob a vigilância dos vaqueiros.
Do rio São Francisco até o rio Parnaíba, a criação de gado foi ocupando as
chapadas cobertas pela caatinga.
As Frentes de Expansão Econômicas As “Drogas do Sertão” (século XVII e XVII)
No vale do rio Amazonas, as constantes incursões estrangeiras estimularam a
intervenção da coroa portuguesa, através da implantação de fortes a princípio
na embocadura do rio Amazonas (Belém/Macapá) e do incentivo à ação de missões
católicas, estas penetraram nos confins da região, viabilizando a exploração
dos produtos da floresta (“drogas do sertão” - canela , cravo, salsa-parrilha,
cacau nativo) e ao mesmo tempo domesticavam a mão-de-obra nativa, facilitando a
hegemonia lusa na região. Essa expansão foi possibilitada graças à União
Ibérica (1580/1640) que veio a facilitar a ação no interior da região sem
nenhum impedimento fronteiriço e, realizada a separação, fez-se necessária uma
nova divisão política em que se reconheceu o uti possidetis. Ao longo do curso
do Amazonas e partindo das fortificações de Belém, os portugueses lançaram
expedições oficiais destinadas a estabelecer a presença colonial por todo o
vale do grande rio. Entre as inúmeras expedições, destacam-se a bandeira
fluvial de Pedro Teixeira (1637/1639), marco das explorações amazônicas
oficiais e da epopéia do bandeirante Antônio Raposo Tavares (1648/1651).
No plano da construção espacial brasileira, as bandeiras ampliaram o limite do
território conhecido, e funcionavam, ao menos objetivamente, como vanguarda do
poder colonial. A coroa portuguesa, manobrando persistentemente e
meticulosamente para a expansão geográfica da sua soberania, ordenou a construção
de fortificações ao longo do perímetro exterior das expedições. Assim surgiram
os fortes de São Joaquim(RR), São José das Marabitanas (Alto Rio Negro), São
Gabriel(Rio Negro), Tabatinga (Rio Solimões) e Príncipe da Beira (Rio Guaporé),
balizando o contorno das nossas fronteiras terrestres.
A Amazônia no século XIX – A Economia da Borracha
Paralelo a expansão cafeeira, ocorria na Amazônia o boom da borracha (fim do
século XIX e início do XX). A produção de látex foi transformada num dos
elementos mais importantes do espaço amazônico. O seringal se constituía em
grandes propriedades no interior da floresta, controladas pelos seringalistas.
O responsável pela extração do látex era o seringueiro.
A borracha atraiu para a região amazônica muitos migrantes nordestinos (arigós)
que se transformaram na mão-de-obra. Estes trabalhavam através do Sistema de
Aviamento no interior dos seringais. Houve um deslocamento de nordestinos muito
intensa para o extremo oeste da Amazônia, garantindo com isso a posterior anexação
de mais um Estado ao território nacional, que foi o Acre, através do Tratado de
Petrópolis(1903).
Alguns migrantes nordestinos, entretanto, se estabeleceram nas proximidades de
Belém, onde deram início a uma importante agricultura praticadas em pequenas
propriedades familiares. A maioria das cidades existentes no nordeste paraense
(região bragantina – área que vai de Belém a Bragança) teve sua origem nas
colônias agrícolas implantadas por nordestinos. Em outras áreas da Amazônia
também foram implantadas colônias agrícolas semelhantes como foi o caso de
Santarém e Monte Alegre, ambas no Pará.
A Borracha mudou o Espaço
Ela passou a ser uma importante matéria-prima para as indústrias. O espaço
geográfico amazônico, em consequência, passou por grandes transformações, como
veremos a seguir.
O seringal foi transformado num dos elementos mais importantes do espaço da
produção regional(...)
O crescimento econômico e populacional atraiu também a indústria para a
Amazônia. Variadas fábricas, ligadas sobretudo ao setor de bens de consumo, se
estabeleceram nas principais cidades, destacadamente em Belém e Manaus.(...) as
atividades produtivas mais tradicionais: a roça, a coleta, a pesca e a caça não
deixaram de existir. Se a borracha e a indústria eram fonte de riqueza da
elite, as atividades tradicionais permaneceram, sobretudo, como fonte de
sobrevivência de uma grande parcela populacional.
O comércio gerado pela exportação da borracha intensificou a circulação de
pessoas e de produtos. Para facilitar o escoamento da produção e receber as
mercadorias compradas no estrangeiro, foram construídos os portos de Belém e
Manaus..
Neste período, até ferrovias foram implantadas para agilizar o escoamento da
produção regional: a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré escoava a borracha de
Guajará-Mirim até Porto Velho, cidades localizadas no Estado de Rondônia; a
Estrada de Ferro Bragantina - escoava a produção agrícola na rota Bragança -
Belém, no Estado do Pará; a Estrada de Ferro do Tocantins -escoava a produção
extrativa, principalmente a castanha, existente no sudeste do Pará, até a
cidade de Marabá (PA).
À medida que novas áreas iam sendo ocupadas, como os vales dos rios Madeira,
Purus e Juruá, surgiam novos núcleos urbanos, que, na sua maioria, eram sedes
de seringais. É o caso de Xapuri e Brasiléia, ambas no Estado do Acre. Eram os
seringais virando cidades.
Nas grandes cidades da região, a elite, formada pelos barões da borracha, impõe
um novo modo de vida baseado em idéias trazidas da Europa. Vive-se a Belle
Époque, termo francês que se refere a um período marcado por construções
urbanas de grande beleza (palacetes, igrejas, praças e parques públicos,
bosques, etc.), assim como de espaços culturais (teatros, cinemas, escolas,
bibliotecas e arquivos públicos, jornais, etc.). As idéias européias se
tornaram presentes no espaço amazônico, para atender aos caprichos e gostos da
elite. Por isso mesmo, apenas uma pequena camada da sociedade amazônica pôde
beneficiar-se das inovações. (...) esse período de crescimento econômico e intensa
reorganização do espaço entra em crise devido à concorrência feita pela
borracha produzida na Ásia.
A crise freou o crescimento da maioria das cidades. Entretanto, algumas não
sofreram tanto com essa queda devido à existência de outras atividades econômicas,
como o plantio de juta nas várzeas do Médio-Amazonas e o extrativismo da
castanha-do-pará, no sudeste paraense.
O Brasil do Século XIX: A economia Cafeeira
O contexto em que ocorreu esta atividade foi a primeira metade do século XIX
até meados do século XX. Iniciando seu cultivo no Vale do Rio Paraíba do sul
(começando na porção do Rio de Janeiro) e depois expandindo-se para o oeste
Paulista chegando até o norte do Paraná e sul de Minas Gerais (frentes
pioneiras), aproveitando-se condições naturais favoráveis, como: a descoberta
de terrenos menos acidentados e o solo de terra roxa.
A economia cafeeira foi obra do capital mercantil nacional que vinha se
desenvolvendo aos poucos e ganhou notável impulso com a abertura dos portos, e
a transferência da corte portuguesa para o Brasil (1808) e, mais tarde, com a
independência.
Houve neste momento a grande participação do capital britânico, que financiou a
infra-estrutura para o abastecimento do café, através de empréstimos
financeiros, visando incorporar o Brasil como grande mercado consumidor e fonte
de matérias-primas para a economia inglesa.
A migração em massa (principalmente de italianos) foi a solução encontrada pela
burguesia cafeeira para o grave problema da mão-de-obra. Depois da proibição do
tráfico negreiro, a Lei do Ventre Livre (1871) e a Lei dos Sexagenário (1885)
sinalizavam a definitiva abolição da escravatura, o que ocorreu em 1888. Os
cafeicultores tiveram um longo tempo para organizar a substituição da força de
trabalho. Além do que em 1850 foi instituída a Lei de Terras, que acabou com o
sistema de simples doação e estabelecendo que a propriedade territorial só
poderia ser adquirida mediante procedimento de compra e venda. A terra, de
simples recurso natural passou a ser mercadoria. Na verdade, a Lei de terras
marca a transição de um regime em que os homens eram cativos para um regime em
que os homens são livres, mas a terra é cativa.
A economia cafeeira modificou o espaço geográfico da região (principalmente de
São Paulo), ou seja, houve grandes transformações no espaço da produção, da
circulação e das idéias regionais, havendo, assim, as condições para a
transição de uma economia agro-exportadora para uma economia urbanoindustrial.
Até a primeira metade do séc. XIX, a economia cafeeira ainda conservava as
características básicas do período colonial (economia agroexportadora, baseada
na monocultura latifundiária, apoiada na mão-de-obra escrava). Na segunda
metade do século XIX, sobretudo a partir de 1860- 1870, a cafeicultura passou
por profundas transformações, tais como: substituição da mão-de-obra escrava
pela mão-de-obra assalariada do imigrante, a ocupação de novas áreas (oeste
paulista) e a expansão das ferrovias ligando a produção aos portos
exportadores. A Lei Eusébio de Queiroz pôs fim ao tráfico de negros. A partir
desse fato, a escravidão oficial caminhava para o seu esgotamento e os
desdobramentos gerados no rumo de uma economia capitalista. Devido as
crescentes exportações do café, a expansão de fazendas transformara o Vale do Paraíba
do Sul. Os cafezais causaram rápido esgotamento dos solos. Daí a rápida
incorporação das terras do Oeste Paulista. A produção cafeeira seguiu uma
trajetória de sucessivas e crescentes safras.
Já no final do séc. XIX o Brasil passou a conhecer crises de superprodução de
café. Em 1882, a produção mundial de café foi maior do que o consumo. O
resultado foi à queda do preço do produto no mercado mundial.
As ferrovias do café e seu papel na ocupação, na produção e na organização do
espaço geográfico
A maior parte das ferrovias no estado de São Paulo foi construída somente após
o avanço do desmatamento e do estabelecimento das fazendas, quando a população
dos povoados se tornou numerosa e o volume da produção compensava o
investimento no transporte ferroviário. Nos EUA e no Canadá , ao contrário, as
linhas férreas foram fatores básicos para a fundação de cidades e seu
povoamento.
Não podemos, entretanto, subestimar o papel das ferrovias do café. Muitas
cidades do Planalto Ocidental Paulista tiveram como embrião as estações de
trens, as pontas de trilhos e, ainda, as paradas ao longo do trajeto: Bauru,
Tupã, Votuporanga, Pompéia, São Jose do Rio Preto, Penápolis, Lucélia, Lins,
Adamantina e Araçatuba.
Para os habitantes do Estado de São Paulo, as vias férreas assumiram tamanha
importância que se tornaram um referencial para se situar ou se deslocar no
espaço paulista. Por exemplo, quem ia para acidade de Tupã, no oeste do estado,
servida pela Companhia Paulista de Estrada de Ferro dizia “Eu vou para a Alta
Paulista “, referindo-se, desse modo , mais especificamente ao final da linha,
pois esta dividia-se em Baixa, Média e Alta Paulista.
Isso ocorria também em relação ao espaço geográfico cortado pelas demais
ferrovias. Falava-se em Araraquarense, Mojiana, Sorocabana, para referir-se à
região “atravessada” por essas ferrovias. A paisagem ou o relevo nunca foram
referenciais do espaço para os paulistas, como ocorre, por exemplo, com os
gaúchos e nordestinos.
Hoje, no Estado de São Paulo, não há mais nem mesmo o referencial dado pelas
ferrovias, a não ser para gerações passadas. Com o desenvolvimento rodoviário
iniciado em 1956, as ferrovias perderam a importância e também o papel de
estimuladoras do povoamento e da criação de cidades, bem como de referenciais do
espaço.
O traçado das ferrovias do café mostra a ligação das áreas produtoras ao porto
de Santos, construídas que foram para escoar a produção cafeeira do Vale do
Paraíba, da Depressão Periférica Paulista e do Planalto Ocidental Paulista. A
primeira delas, a Sociedade de Estradas de Ferro D. Pedro II que mais tarde deu
origem à Estrada de Ferro Central do Brasil), ligando o Vale do Paraíba ao
porto do Rio de Janeiro, entrou em operação em 1855. Em seguida, em 1867,
entrou em operação a São PauloRailway Co Ltd, ligando São Paulo à Santos, cujos
trilhos foram depois estendidos até a cidade de Jundiaí, dando origem à Estrada
de Ferro Santos----Jundiaí . Em 1872, foi inaugurada a Companhia Paulista de
Estrada de Ferro, fruto da união de capitais de grandes fazendeiros de
Campinas, Araras, Limeira e Rio Claro. Uma associação de produtores da região
de Moji-Mirim fez o mesmo, dando origem a Companhia Mogiana em 1875, mesmo ano
da inauguração da Estrada de Ferro Sorocabana. Em 1901 foi a vez da Araraquense
.
Em 1971, o governo do Estado de São Pulo organizou a Fepasa--- Ferrovia
Paulista S.A. ----que englobou as ferrovias citadas, com exceção da
Santos---Jundiaí e da Estrada de Ferro Central do Brasil, que pertencem a RFFSA
– Rede Ferroviária Federal S.A. Embora tenham avançado no interior do Estado de
São Paulo, essas ferrovias não penetraram mais fundo no território nacional
(com exceção da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, inaugurada em 1905, que
liga Bauru a Corumbá, no Mato Grosso do Sul, fronteira com a Bolívia ). O mesmo
ocorreu nas demais regiões do Brasil.
Ao analisarmos o traçado das ferrovias no Brasil podemos concluir que:-as
ferrovias não realizaram efetivamente as integrações nacional e inter-regional,
como ocorreu, por exemplo, nos EUA, no Canadá e na Rússia ;
-- no nordeste brasileiro, elas não realizaram nem mesmo a integração
intra-regional;
--na Amazônia a densidade ferroviária é bastante baixa, contando com a Estrada
de Ferro do Amapá, que escoa o minério de manganês até o porto de Santana, de onde
é exportado, e com a Estrada de Ferro Carajás, construída recentemente para
escoar o minério de ferro da Serra dos Carajás até o porto de Itaqui, no
Maranhão, de onde também é exportado;
-- particularmente em São Paulo e no Rio de Janeiro, as ferrovias constituíram
uma infra-estrutura importante para assegurar o desenvolvimento do capitalismo
no Brasil. Podemos, então, afirmar que o traçado das ferrovias no Brasil é
periférico, portanto não integrador do espaço. Sua função foi a de inserir-nos
na economia mundial como país de economia primário-exportadora, no contexto da
divisão internacional do trabalho.
Sobre os interesses subjacentes ao desenvolvimento da malha ferroviária no
Estado de São Paulo, lembramos as palavras do geógrafo francês Pierre Monbeig:
No norte do Paraná, após a implantação de ramais ferroviários, a partir do
início da década de 20, para escoar a produção de café, ocorreu a revitalização
de povoados e a fundação de muitas cidades: Cornélio Procópio (1924), Londrina
(1929), Arapongas (1938), Maringá(1947) e muitas outras.
O Arquipélago Econômico (isolamento regional)
A configuração em arquipélago econômico (ilhas econômicas) refletia o papel do
Brasil como produtor de mercadorias para o mercado mundial e como as atividades
produtivas nesse longo período foram ocupando espacialmente várias áreas do
território. As culturas como açúcar, fumo, cacau, borracha ou café;
desenvolveu-se em áreas diferentes de acordo as vantagens comparativas naturais
e históricas de cada porção do espaço brasileiro. Esse arquipélago mercantil
configura-se como “bacias de drenagens” integradas ao centro em grandes cidades
portuárias, que escoavam a produção ao mercado externo. Essa organização do
território produziu as grandes cidades portuárias do Brasil rural-agrário,
centros modernos com laços intensos aos centros urbanos europeus. Pode-se citar
as cidades: Belém, Rio de Janeiro, Recife, Salvador, São Luís, etc.
As relações econômicas ou demográficas entre essas áreas ou as ilhas eram
inexpressivas ou precárias, chegando em vários períodos há serem inexistentes,
pois o crescimento e dinamismo econômico eram diretamente resultado do comércio
voltado ao mercado mundial.
O fim da economia de arquipélago
A relação assalariada de trabalho deu o início a um considerável mercado
interno de consumo que consequentemente, gerou as bases para um maior
crescimento industrial no final do século XIX; abrindo dessa forma a
possibilidade de circuitos inter-regionais de mercadorias, pois as necessidades
dos trabalhadores, de alimentos, tecidos e calçados, passaram a ser
parcialmente atendidas pela indústria nascente. Ao poucos foi se intensificando
a articulação entre as
regiões, acabando, dessa forma, reduzindo o isolamento anterior.
A industrialização e o novo espaço geográfico
O desenvolvimento industrial da região do sudeste, principalmente do Estado de
São Paulo, se beneficiou de capitais, infra-estrutura de transporte energia, da
mão-de-obra, da urbanização e do mercado consumidor criado pela economia
cafeeira.
A concentração industrial nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro transformou
a região sudeste no principal pólo econômico do país. A indústria, centro
dinâmico da economia brasileira a partir da década de 30, criou um novo espaço
geográfico, que em poucas décadas passou a concentrar a maior parcela da
população e da produção do país: o espaço urbano-industrial.
A firme disposição do governo federal em estimular a industrialização do país e
a expansão rodoviária desempenhou importante papel no processo de integração
nacional, que se afirmou em definitivo a partir da década de 50 com a
construção de Brasília.
A necessidade de ligar a nova capital ao restante do país possibilitou a
complementação de várias rodovias e a incorporação de novas áreas no cenário
nacional (Centro-Oeste e Amazônia).
A crescente integração da economia do Sudeste as demais regiões do país teve
conseqüências muitas profundas;
de um lado criou um mercado interno nacional e integrou economicamente o país,
de outro lado, limitou e até subordinou o desenvolvimento industrial das outras
regiões, transformando-as em fornecedoras de alimentos, matérias-primas e
mão-de-obra.
A indústria integrou o território nacional, porem causou também profundas desigualdades
sociais e regionais.
TEXTO DE APOIO - GEOGRAFIA - 1ª série - SIT DE APRENDIZAGEM 01
GEOGRAFIA 1ª série 1º bimestre -SIT DE APRENDIZAGEM 1
Uma das primeiras coisas em que pensamos na hora de viajar é num bom mapa da
região a ser visitada ou das estradas que vamos percorrer. Em nosso dia-a-dia
na cidade também usamos mapas e guias para encontrar ruas e bairros.
Os mapas nos auxiliam a localizar qualquer porção da superfície da Terra,
facilitando a nossa orientação no espaço geográfico.
O conhecimento das coordenadas geográficas e dos pontos cardeais é
indispensável para a elaboração dos mapas, que são representações planas da
superfície terrestre.
Este é o maior problema da cartografia: representar uma superfície esférica em
um plano. Como a esfera não é planificável, a representação nunca será
perfeita. Teremos sempre algumas deformações, seja em relação às distâncias
entre os continentes, seja em relação às áreas de países e oceanos.
Na verdade, a melhor maneira de representar a Terra é o globo terrestre, por
causa de sua forma esférica. Porém os mapas são muito mais fáceis de manusear e
têm a vantagem de representar áreas pequenas com detalhes.
As projeções permitem representar uma superfície esférica (a Terra) em uma
superfície plana (o mapa) com menores distorções do que aquelas provocadas com
o simples achatamento da esfera.
Cartografia, A Arte Ou Ciência De Fazer Mapas
Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), a "arte (ou
ciência} de levantamento, construção e edição de mapas e cartas de qualquer
natureza" recebe a denominação de cartografia.
A elaboração de mapas começou na Antiguidade. O mapa mais antigo do mundo foi
encontrado na Mesopotâmia, onde é hoje o Iraque, de Saddam Hussein.
Anaximandro (610 a.C-547 a.C.}, discípulo de Tales de Mileto, é considerado o
primeiro cartógrafo. Em seu mapa, a Terra estava solta no espaço e não havia
referência à sua forma.
A partir do século XVI, época das Grandes Navegações, mapas traçados com maior
precisão passaram a desvendar caminhos para os exploradores europeus, pois
representavam o mundo de uma maneira mais próxima do real.
O avanço tecnológico permitiu um grande progresso e muita precisão na
elaboração de mapas. As técnicas usadas antigamente foram acrescentadas várias
outras, como o uso de aviões para tomadas fotográficas aéreas, imagens de
satélites artificiais e computadores. A partir do processamento e da análise
dessas imagens, é possível elaborar vários tipos de mapas. Hoje, podemos obter
imagens tridimensionais da superfície da Terra. Daí os mapas estarem cada vez
mais precisos.
Entre os inúmeros recursos utilizados pela cartografia, destacaremos; a
aerofotogrametria, o sensoriamento remoto e o geoprocessamento (GIS -Geográfica
Informativo System ou, traduzindo para o português, SIG - Sistema de Informação
Geográfica).
Apesar de todas essas facilidades, não podemos nos esquecer de que, para ter
sucesso, é preciso complementar o trabalho com dados obtidos em uma eficiente
pesquisa de campo no local cartografado.
Classificação dos mapas ou cartas
De acordo com a escala, os mapas ou cartas podem ser:
• Cartas cadastrais ou plantas. Quando se destinam à representação de pequenas
áreas, cidades, bairros, fazendas, conjuntos residenciais etc., porém com
elevado grau de detalhamento e de precisão. É o caso de plantas urbanas, de
grande utilidade para as autoridades governamentais na administração
(cadastramento) e planejamentos urbanos. São cartas de grande escala,
normalmente de 1:500 até 1:10.000.
• Mapas ou cartas topográficas. Quando mostram a características ou os
elementos naturais e artificiais da paisagem com um certo grau de precisão ou
de detalhamento parte de uma região ou estado. São de média escala mostrando
relevo, acidentes naturais, obras realizadas pelo homem escala, normalmente de
1:25.000 a 1:250.000.
• Mapas ou cartas geográficas. Quando mostram as características ou elementos
geográficos gerais de uma ou mais regiões, país ou continente ou mesmo do
mundo, o que exige o emprego de escalas pequenas (de 1:500.000 a 1:1.000.000 ou
menos).
Coordenadas Geográficas: Paralelos e Meridianos
O movimento de rotação da Terra ao redor de seu eixo proporciona dois pontos
naturais - os pólos - nos quais está baseada a chamada rede geográfica, que
consiste em linhas destinadas a fixar a posição dos pontos da superfície. A
rede geográfica consta de um conjunto de linhas traçadas de norte a sul unindo
os pólos - os meridianos - e um conjunto de linhas traçadas de leste a oeste
paralelas ao equador - os paralelos.
Meridianos
Todos os meridianos são semicírculos máximos, cujos extremos coincidem com os
pólos norte e sul da Terra. Ainda que seja correto que o conjunto de dois
meridianos opostos constituam um círculo máximo completo, é conveniente
recordar que um meridiano é só um semicírculo máximo, e que é um arco de 180º.
Outras características dos meridianos são:
1. Todo o meridiano tem direção norte-sul;
2. Os meridianos têm sua máxima separação no equador e convergem em direção aos
dois pontos comuns nos pólos;
3. O número de meridianos que se pode traçar sobre o globo é infinito. Assim
pois, existe um meridiano para qualquer ponto do globo. Para sua representação
em mapas os meridianos se selecionam separados por distâncias iguais adequadas.
Paralelos
Os paralelos são círculos menores completos, obtidos pela intersecção do globo
terráqueo com planos paralelos ao equador. Possuem as seguintes
características:
1. Os paralelos são sempre paralelos entre si. Ainda que sejam linhas
circulares, sua separação é constante.
2. Os paralelos vão sempre em direção leste-oeste.
3. Os paralelos cortam os meridianos formando ângulos retos. Isto é, correto
para qualquer lugar do globo, exceto para os pólos, uma vez que neles a
curvatura dos paralelos é muito acentuada.
4. Todos os paralelos, com exceção do equador, são círculos menores. O equador
é um círculo máximo completo.
5. O número de paralelos que se pode traçar sobre o globo é infinito. Por
conseguinte, qualquer ponto do globo, com exceção do pólo norte e do pólo sul,
está situado sobre um paralelo.
Longitude
A longitude de um lugar pode definir-se como o arco de paralelo, medido em
graus, entre tal lugar e o meridiano principal. Está quase universalmente
aceito como meridiano principal o que passa pelo Observatório de Greenwich,
perto de Londres, a que frequentemente se designa como meridiano de Greenwich.
A este meridiano corresponde a longitude 0º. A longitude de qualquer ponto dado
sobre o globo é medida na direção leste ou oeste a partir deste meridiano, pelo
caminho mais curto. Portanto, a longitude deve oscilar entre zero e 180 graus,
tanto a leste quanto a oeste de Greenwich.
Conhecendo-se somente a longitude de um ponto não podemos determinar sua
situação exata, porque o mesmo valor da longitude corresponde a todo um
meridiano.
Latitude
A latitude de um lugar pode ser definida como o arco de meridiano, medido em
graus, entre o lugar considerado e o equador. Portanto, a latitude pode oscilar
entre zero grau no equador até 90 graus norte ou sul nos pólos. Exemplo:
34º10'31" N, pode ler-se "latitude 34 graus, 10 minutos e 31 segundos
norte".
Elementos de um mapa
A confecção de um mapa é uma tarefa de certa complexidade. Abrange um conjunto
de operações que vão desde os levantamentos no próprio terreno e a análise de
documentação (fotos aéreas, por exemplo) até o estudo de expressões gráficas
(legendas etc.) e outros aspectos. Os mapas modernos são elaborados com o
auxílio de instrumentos e recursos muito avançados, tais como fotografias
aéreas, satélites artificiais e computadores.
Os elementos de um mapa são: escala, projeções cartográficas, símbolos ou
convenções e título.
Escala
Como o mapa é infinitamente menor que a Terra, necessitamos de uma escala para
indicar a proporção entre ele e o nosso planeta. A escala nos informa quantas
vezes o objeto real (no caso a Terra ou parte dela) foi reduzido em relação ao
mapa. Em outras palavras, escala é a relação entre a distância ou comprimento
no mapa e a distância correspondente na Terra. Por exemplo: um mapa do Brasil
na escala 1:5.000.000 significa que as distâncias (ou proporções) reais do
Brasil sofreram uma redução de 5 milhões de vezes em relação ao mapa, ou seja,
nessa escala 1 cm no mapa corresponde a 5 milhões de cm (ou 50 km) no lugar
real.
Entretanto devemos lembrar que quanto maior for a escala, maior a riqueza de
detalhes. A mostra o Brasil em três escalas diferentes. Nesse caso, quanto
menor for a escala, menor o tamanho do mapa e consequentemente menor a riqueza
de detalhes.
Existem os seguintes tipos de escalas:
• Numérica. Trata-se de uma fração ou proporção que estabelece a relação entre
a distância ou comprimento no mapa e a distância correspondente no terreno. Por
exemplo: se um determinado mapa estiver na escala 1:200.000 (um por duzentos
mil), isso significa que, 1 cm no mapa é igual a 200 mil cm no terreno. A
escala numérica pode ser apresentada de três formas diferentes:
1 ou 1:200.000 ou 1/200.000
• Gráfica. Apresenta-se sob a forma de segmento de reta graduado. Por exemplo:
0 km 200km 400km 600km 800km 1.000km
Nesse caso a reta foi seccionada em cinco partes iguais, cada uma medindo 1 cm.
Significa que cada uma das partes no mapa (1 cm) corresponde 20.000.000 cm ou
200 km no terreno.
Com um simples olhar, não há como sabermos a proporção com que o mapa foi
desenhado. Por isso usamos a escala.
• 1:1000000 • 1:500000 • 1:250000 • 1:100000 • 1:50000
Estas escalas, em geral, são utilizadas em grandes mapas de caráter regional,
incluindo desde países inteiros até porções de estados em países de escalas
continentais, como o Brasil.
Escalas maiores são usadas para trabalhos de detalhe, como mapeamento de corpos
mineralizados, estudos de precisão. Sendo estas: 1:25000; 1:10000; 1:2500, além
de outras de maior detalhe.
São muito usadas na Geografia, Geologia, Engenharia de Minas e demais ramos que
necessitam de mapas para seus estudos.
São também utilizadas para determinação de bacias hidrográficas em obras de
engenharia civil. Desde grandes barragens até obras de macrodrenagem urbana têm
seu início com estudos em cartas cartográficas.
A escala pode ser definida pela formula:E = d
D
•E é escala;
•D é distância real;
•d é distância na projeção.
Símbolos ou convenções cartográficas
Considerando-se que o mapa é uma representação da realidade, o cartógrafo
recorre a símbolos e convenções que auxiliam na leitura ou interpretação dos
mapas. Os símbolos são, portanto, a linguagem visual dos mapas.
Quanto às cores, as principais convenções são as seguintes: azul (hidrografia);
verde (vegetação); castanho (relevo e solos); preto ou vermelho (acidentes
geográficos artificiais, como rodovias, ferrovias etc.).
Tipos de Mapas
Função nome
Mostram quantidade - Mapas quantitativos
Põem ordem nos fenômenos - Mapas ordenados
Separam os fenômenos - Mapas qualitativos
Mostram movimentos entre
as localidades diferentes - Mapas de fluxos
O fenômeno é a própria medida
básica do mapa - Anamorfose
Projeções Cartográficas
Projeção cartográfica é a representação de uma superfície esférica (a Terra)
num plano (o mapa).
O grande problema da cartografia consiste em ter de representar uma superfície
esférica num plano. Assim, sempre que achatarmos uma esfera para colocá-la em
um plano, necessariamente ela sofrerá alterações ou deformações.
Isso quer dizer que todas as projeções apresentam deformações, que podem ser em
relação às distâncias, às áreas ou aos ângulos. Assim, cabe ao cartógrafo escolher
o tipo de projeção que melhor atenda aos objetivos do mapa.
A maior parte das projeções hoje existentes deriva dos três tipos ou métodos
originais, a saber: cilíndricas, cônicas e planas ou azimutais.
A projeção cilíndrica resulta da projeção dos paralelos e meridianos sobre um
cilindro envolvente, que é posteriormente desenvolvido (planificado). Esse tipo
de projeção:
• acarreta um crescimento (deformação) exagerado das regiões de elevadas
latitudes;
• é o mais utilizado para a representação total da Terra (mapas-múndi).
A projeção cônica resulta da projeção do globo terrestre sobre um cone, que
posteriormente é planificado. Esse tipo de projeção:
• apresenta paralelos circulares e meridianos radiais, isto é, retas que se
originam de um único ponto;
• é usado principalmente para a representação de países ou regiões de latitudes
intermediárias, embora possa ser utilizado para outras latitudes.
A projeção azimutal resulta da projeção da superfície terrestre sobre um plano
a partir de um determinado ponto (ponto de vista).
Vejamos, a seguir, alguns dos mais conhecidos tipos de projeção cartográfica.
Projeção de Mercátor
Nessa projeção, os paralelos e os meridianos são linhas retas que se cruzam
formando ângulos retos. Pertence ao tipo chamado conforme, porque não deforma
os ângulos. Em compensação, as áreas extensas ou situadas em latitudes elevadas
aparecem nos mapas com dimensões exageradamente ampliada
Projeção Bertin
Já na projeção Bertin (1950), que mantém uma relação de fidelidade com as
superfícies dos continentes, a grade de coordenadas não possui uma configuração
perpendicular, pois todos os meridianos se dirigem, formando curvas, para uma
representação do pólo que se encontra no meio do mapa. Logo, para indicar o
Norte seria preciso colocar tantas setas quantos fosse o número de meridianos
(vide mapa abaixo), o que é desnecessário visto a clareza da posição polar.
Projeção Buckminster
Trata-se de uma projeção cuja centragem é no pólo norte (as centragens podem
variar) e que favorece a manutenção das formas e das proporcionalidades das
terras emersas em detrimento dos oceanos. Quando esse autor criou essa projeção
ele subverteu a visão convencional de um Norte e de um Sul, o que permitiria
uma apreensão de um mundo “menos” hierarquizado.
Erros cartográficos
A grande maioria dos mapas publicados contém erros cartográficos sérios. Ou
geram visões problemáticas, ou pouco transmitem. E isso é esperado, visto que
essa “inundação de mapas” tem como protagonistas um número muito grande de pessoas
que entendem do programa de computador que faz o mapa, mas não conhecem a
linguagem gráfica e a Cartografia.
Um exemplo singelo: para mostrarmos a distribuição geográfica de um fenômeno,
digamos, a alfabetização, vamos usar índices de alfabetização por município no
Estado de São Paulo. É razoável introduzir a informação no mapa preenchendo
cada município com tonalidades de uma mesma cor (da mais escura para a mais
clara). A mais escuras os maiores índices e as menores taxas com tonalidades
mais claras. Quando vemos um mapa que usa tonalidades da mesma cor, sem parar
para pensar, nossa percepção indica que a tonalidade mais escura (mais
pigmentação) representa a maior intensidade do fenômeno, e a tonalidade mais
clara, a quase ausência. Caso isso seja invertido, ou então, escolhidos cores
diferentes e arbitrárias, haverá uma confusão na nossa percepção, pois o que
teremos diante dos nossos olhos será uma falsa imagem: um erro cartográfico.
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