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segunda-feira, 20 de abril de 2015

TEXTO DE APOIO PARA 2ªs SERIES SITUAÇãO DE APRENDIZAGEM 1 DO VOLUME 01

2ª SERIES

TEXTO DE APOIO PARA 2ªs SERIES 

SITUAÇãO DE APRENDIZAGEM 1 DO VOLUME 01



A GÊNESE GEOECONÔMICA DO TERRITÓRIO BRASILEIRO


Entender a formação geoeconômica do território brasileiro é um ponto de partida para o desenvolvimento de outros conteúdos da Geografia do Brasil. Tornar claro os processos que levaram à constituição do chamado “arquipélago econômico”, no decorrer da economia colonial brasileira, contribui para que percebam os diversos períodos e características de integração entre as regiões brasileiras ocorridas no século XX e ainda em curso na atualidade. As Geografias históricas e econômicas, sem dúvida, têm muito a oferecer a esse propósito, contribuindo com noções-chave muitas vezes angariadas (obtidas) de outras áreas do conhecimento, mas que tomadas de uma perspectiva geográfica, ajudam a esclarecer a paulatina (vagarosa) organização espacial e a dinâmica dos processos de povoamento e alocação de infraestruturas no território brasileiro de ontem e de hoje.
Nos mapas “Brasil: a economia e o território no século XVI”, “Brasil: a economia e o território no século XVII”, “Brasil: a economia e o território no século XVIII” e “Brasil: a economia e o território no século XIX” nas páginas 4, 5, 6 e 7 no caderno do aluno, identificamos em relação às atividades econômicas, no território brasileiro, uma organização em “coágulos”, ou seja, em “ilhas” ou “arquipélagos” econômicos, com um traçado das ferrovias concentrado próximo ao litoral e com pouca penetração no interior do território. O funcionamento da economia colonial ocorreu de acordo com a lógica do comércio triangular atlântico, submetida ao monopólio mercantil e controle metropolitano (mais simplificadamente, aos mandos e desmandos de Portugal). No caso do Brasil, isso fez com que, no Período Colonial (de 1500-1534 até 1808-1822), as cidades tenham se concentrado na franja costeira com adensamentos em algumas áreas (como o Saliente Nordestino e os Recôncavos das Baías de Todos os Santos e da Guanabara e em estuários e baixadas costeiras, como é o exemplo da Santista). A mineração de metais e pedras preciosas foi responsável pela interiorização do fato urbano nas Minas Gerais e Goiás; a extração das drogas do sertão (determinadas especiarias, como cacau, canela,baunilha, cravo, castanha e guaraná, extraídas do chamado sertão brasileiro na época das entradas e das bandeiras), por sua vez, promoveu esporádico assentamento urbano na Bacia Amazônica e no Golfão Maranhense. O avanço do complexo cafeeiro paulista, no século XIX e início do XX, foi o principal motor do processo de interiorização do crescimento urbano, que avançou pelo Planalto Paulista ao longo do traçado das ferrovias, que escoavam o café para o porto de Santos.
              A colonização é uma relação entre uma sociedade que se expande e os lugares onde ocorre essa expansão, configurando uma conquista territorial ou uma adição de território ao patrimônio do colonizador. Exemplo: casos do Brasil e da América espanhola no colonialismo dos séculos XVI ao XIX, e da África e da Ásia no neocolonialismo (séculos XIX e XX). Entretanto, os sentidos da colonização (de exploração e de povoamento) interferem na produção e organização dos espaços geográficos coloniais e na herança na atualidade. A colônia representa a consolidação de domínio territorial, o que implica apropriação de terras, submissão das populações defrontadas e também exploração dos recursos presentes no território colonial. Exemplos: casos do Brasil, da África e da Ásia.
           A conquista e domínio territoriais sintetizam a essência da colônia e podem ser consideradas um traço comum na maioria dos processos coloniais de exploração (envolvendo, inclusive, o uso da violência). No período inicial da colonização, os europeus apropriaram-se de uma natureza e de territórios já humanizados, em maior ou menor grau, por povos que viviam no que viria a ser o atual território brasileiro. Desse modo, é justo afirmar que o “Brasil indígena antecede o Brasil lusitano e o Brasil contemporâneo”.
             A economia colonial não se restringe apenas à economia do período em que o Brasil foi colônia de Portugal, ou seja, até 1822, ano correspondente à nossa independência política formal, mas prolonga-se até praticamente 1860-1870. Isso porque o que caracterizava a economia colonial eram as relações escravagistas de produção que o Brasil manteve até 1888, quando foi promulgada a Lei Áurea. Por esse critério, a implantação do capitalismo no Brasil se deu quando foram introduzidas as relações assalariadas de produção.
            A divisão internacional do trabalho, de modo simplificado, é a divisão do trabalho ou da produção, imposta pelos países colonizadores (metrópoles) às suas colônias, cabendo a estas o fornecimento de produtos primários e a compra de produtos manufaturados e industriais na interdependência econômica estabelecida com aqueles. A acumulação primitiva de capital trata-se do processo de acumulação de riquezas ocorrido na Europa, entre os séculos XVI e XVIII, que possibilitou grandes transformações econômicas ocorridas com a primeira Revolução Industrial (séculos XVIII e XIX).
              Espaços extrovertidos são espaços geográficos produzidos e organizados para atender o mercado externo. Exemplos: espaço da agroindústria da cana-de-açúcar (séculos XVI e XVII), espaço da mineração (séculos XIX e XX), espaço do café (século XIX e XX) etc.;
            O termo “arquipélago econômico” expressa a falta de integração entre as economias regionais que se constituíram como espaços relativamente autônomos de produção e consumo, guardando relações mais estreitas com os mercados externos do que entre si. Vale esclarecer que a expressão se aplica à economia e à configuração geoeconômica do território brasileiro no início do século XX, marcadas pela fragmentação em “ilhas” regionais, em grande parte resultantes da economia colonial.
            A história territorial dos países de passado colonial não somente revela alguns componentes centrais de sua formação, como também traz à tona elementos essenciais para uma melhor compreensão de suas características territoriais contemporâneas. Nessa perspectiva, relações complementares entre os aspectos estudados e o povoamento do litoral, a monopolização do acesso à terra, o poder político das elites locais, os modos de apropriação da natureza e de usos dos recursos naturais etc. tiveram grande importância.